À Sombra da Palmeira

"Não há palavras para descrever o São João, tem que ser vivido. O São João não é apenas uma festa popular, é o espírito popular que sai de casa à noitinha para deambular de fogo em fogueira, de manjerico em cascata, de bailinho em festa.
O ar do Porto fica embalsamado com inúmeros cheiros de manjericos, cidreiras, alfazemas e alhos-pôrros, porque se acredita que assim o diabo não voltará para assombrar a cidade. Ouvem-se risos, marteladas, risadas e fogos de artifícios lançados da Ponte D. Luis e de barcos no rio Douro.
Mil cores iluminam a cidade, com balões de papel que se lançam em conjunto entre ais e ohs! Quando são muito grandes, desconhecidos juntam-se para ajudar a segurar no balão de papel, até que o ar esteja suficientemente quente e que ele possa voar do seu próprio papel.
Grupos fazem filinhas de mãos dadas e correm da Praça até às Fontainhas, da Ribeira até à Foz, onde acabam por adormecer deitados na areia húmida de orvalhadas"