Professora, professora, não encontro a carta que enviámos à Senhora Ministra!Era a Sandra, a querer mais uma vez participar, a perguntar sobre o espaço do jornal escolar, onde poderia ler a carta que, ela própria redigiu, após ter aprendido esse conteúdo, na aula de Português. A turma quis enviar uma carta a alguém, e a Sandra, pronta: Podemos escrever uma carta à senhora Ministra da Educação?
E a ideia logo do agrado da turma, começou a tornar-se em letra de forma, a tal carta que, com um assunto que era importante, acabou por não ter resposta, quem sabe as razões, mas talvez por não ter sido enviada com aviso de recepção…
A propósito, ainda ontem, se podia ler na crónica - “ O outro lado”, de Manuel Poppe, que com desassombro, escreve:
´…O descrédito dos políticos e da política pegou de estaca. Não é coisa boa. Todos somos políticos, devemos sabê-lo: construímos a “polis”, a cidade, a sociedade em que vivemos. Nós é que a fizemos e fazemos. O descrédito dos políticos significa o descrédito de nós próprios. De costas para a política, aceitamos a má administração – colaboramos nela ou embrulhamo-nos no egoísmo e na indiferença…”
… E o texto continua…
Que bom tema para ser abordado numa aula de Formação Cívica. Trazer o texto jornalístico para o debate de ideias, para a construção de um saber participado e crítico, como tão bem explicitam os curricula nacionais. A Sandra escreveu uma carta, onde queria dizer das razões sobre o seu descontentamento, e está interessada em voltar a escrever. Cresceu, já tem ideias mais definidas, mais coerentes e sobretudo está convencida não de que é política, mas de que a gota de água, por mais gotinha que seja, se não estiver no oceano faz com que ele seja mais pequeno e mais distante. E nós vivemos aqui, com o mar mesmo ao pé da porta…