A minha bonecaJá estamos nos inícios de Dezembro, a temperatura baixou e a noite cai mais cedo.
Nas ruas da minha vida, já sinto no ar um cheirinho a Natal. Por esta altura, lembro-me sempre de quando eu era pequena, com os meus quatro ou cinco anos, e passava horas debruçada na montra do grande bazar que ficava mesmo no centro da vila onde eu morava. Tudo o que eu sonhava era ter aquela grande boneca de olhos azuis e cabelos aos caracóis. Pedia ao Pai Natal, pedia ao Menino Jesus, fazia orações sem fim, mas eles nunca me escutaram. Quando finalmente, descobri que tudo não passava de uma história contada pela minha avó, foi uma desilusão.
Naquele Natal, parece que o Mundo desabou, afinal não havia Pai Natal e o Menino Jesus era muito pequenino e estava sempre a dormir nas palhinhas!
Quanto ao meu sonho, esse ficou também a dormir e para sempre naquela montra de bazar. No ano em que tive coragem de desabafar sobre o meu sonho com a minha avó, tive que me contentar com uma boneca de farrapos, sem olhos azuis nem cabelos aos caracóis, uma boneca que a minha avó fez ao serão, com muito amor.
Foi então que entendi que o Natal dos
Shoppings e das lojas bonitas não eram para mim. Mas tinha, em contrapartida, no meu lar, simples e humilde, um Natal cheio de amor.
Maria José Silva