Para começar pelo princípio :"Era o verbo... "
Recomendação: deve ser corajosa e drasticamente repensada a identidade do
professor de português, incluindo-se nisso tanto a formação inicial como a profissional. Os
próprios critérios de acesso à condição de professor de português deveriam ser norteados
por estádios de acreditação pós-académica como os que hoje são impostos por certas ordens
profissionais. Não se fala aqui de um qualquer professor, mas sim (e com respeito por todos
os outros) daquele cujo magistério condiciona decisivamente toda a relação do aluno com
os saberes que vai adquirindo. E assim, recomenda-se vivamente que o professor de
português consuma menos tempo com as chamadas ciências da educação e mais tempo com
a sua cultura literária e linguística; que se preocupe menos com as técnicas pedagógicas e
bem mais com o conhecimento da língua, da sua evolução e das suas regras sistémicas; que
seja capaz de fazer interagir esse conhecimento da língua e do seu potencial expressivo com
outras linguagens, incluindo as da imagem; que tenha critério para destrinçar os usos
sofisticados da língua dos seus usos triviais e meramente utilitários; que seja culto, exigente
e claro na denúncia do erro. Por fim e não menos importante: que seja acompanhado e
apoiado através de actividades de formação complementares que contemplem o que fica
dito.