À Sombra da Palmeira

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16.3.08

 
TENHO MEDO - Sou professora e tenho medo…

Ensinar foi e deve continuar a ser, acima de tudo, um acto de liberdade e de generosidade.
Para além de todas as etapas preparatórias de cada momento que é uma aula, onde devem estar inscritos procedimentos uniformizados a nível de cada escola, o professor que escolheu e quer continuar a ser professor, dá as suas aulas com muito mais do que aquilo que está explicitado nos papéis com que justifica a sua actuação: Em cada aula, o professor dá um pouco de si, de tal forma, que muitas vezes se inventa e reinventa até descobrir que ainda não é aquela a estratégia mais adequada, que aqueles objectivos que traçou, ainda são para um outro prazo, que o clima das aula não serviu a todos os outros requisitos. O professor entrega em cada aula um manancial da sua reserva que vai adquirindo com o tempo e a prática, e para essa reserva não há nenhum plano de aula, por melhor elaborado, que a contenha. Por isso, me sinto perplexa quando ao folhear as tantas páginas da imprensa, hoje, que a escola está na ordem do dia, na rua, em casa, no parlamento, nos media, no governo da nação, enfim, um pouco por todo o lado, deparo com um texto numa página de leitor que diz, e cito:
"TENHO MEDO - sou professora e tenho medo da falta de medo do primeiro ministro. Não me falem de pessimismo, optimismo. Não me venham dizer: Pode reclamar-se.” O clima de intimidação que alastrou pelo país impregna também a escola. Passou a deixar de dizer-se o que se pensa e o que se sente. A degradação das relações interpessoais e a falta de confiança generalizaram-se, não se vive de forma solta, criou-se um ambiente pouco agradável, nada propício ao desenvolvimento integral dos educandos. Reina a cultura do silêncio.”
...e agora, já não há silêncio que possa ficar emparedado entre as quatro paredes de uma qualquer sala de aula, onde acontece o inominável- porque por muito que se escolham as palavras, nada resgata o estatuto de ser professor , quando ele é esvaziado desse poder- o de ser ele o coordenador, o mediador, aquele que é ouvido e seguido porque também é respeitado.
Ora se há situações que se vão repetindo e rapidamente ficam nas malhas da internet, situações caricaturas de escola que acontecem e voltam a acontecer, é porque a escola precisa de deixar de ser o local que é, é porque a escola precisa de ser outra coisa que não esta, é porque todos os implicados neste processo, mas mesmo todos, não podem continuar a fazer da avestruz o símbolo da continuidade... quando a avestruz se esconde para fazer de conta que não percebe o que se está a passar à sua volta.

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