Se a minha borracha falasse...
Eu tenho uma borracha especial, mas que não me deixa aprender, é uma tagarela.
Não a posso ter em Matemática porque não se cala com a tabuada. Não posso tê-la em Português, que não se cala com a gramática. Não se cala com o xisto quando estou em Ciências e o cúmulo é quando estou em Formação Cívica, que aí, faz debates sozinha.
Ora um dia, estava e a fazer trabalhos de história, e estava ela em cima de uma caravela não se sabe bem a fazer o quê:
- E todos íamos muito bem ataviados e levávamos bombardas e trompetas e muitas ban...
- Fazes o favor de te calares?! Estou a tentar estudar!
- Não sei porque te chateias, só estou a tentar ajudar.
- Ó pá, eu já passei a Índia há alguns meses!
- Ok, eu vou tentar parar.
- Vai mas é para a banheira velejar e não me chateies.
E lá foi ela a pronunciar os Lusíadas: "As armas e os barões assinalados, que da ocidental praia lusitâna..."
- Cala-te!!! Eu não vou assim tão avançado!
- Ok!!!
É o que eu digo, aquela borracha é uma tagarela crónica.
Pronto, podem pensar que ter uma borracha a falar é muito bom e tal... Mas tem muitos inconvenientes.
Um dia, finalmente falei com ela e disse:
-Por favor mantém-te calada enquanto estou nas aulas e a estudar, se tiver alguma dúvida eu peço-te ajuda, ok borracha de Einstein?
-Está bem.
E então ficámos bons amigos. Quero dizer, com os nossos altos e baixos.
/enviado por João Freitas, aluno nº 12 do 6º 11, para o mail de uma professora de Português e escolhido pela redacção do jornal entre muitos outros (...que nos perdoem A PRIORIDADE...), relativos a leitura e preechimento de papéis sobre papéis e mais papéis que apontam para grelhas, despachos de decretos de outros tantos artigos com ou sem objectivos, individuais ou colectivos que vêm com chancelas ministeriais, departamentais, conselhias e outras proveniências que tais!
O trabalho dos nossos alunos devia ser a nossa grande prioridade, acima de tudo porque é com e sobre esse trabalho que se devia pensar e avaliar a escola com todos os seus intervenientes. Tudo o resto é, e vai ser circunstancial, passageiro, muito efémero...E já agora, João, se a minha borracha falasse, falaria por pouco tempo, ia sucumbir perante tanta coisa que eu a faria apagar...